sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Verdade ou Consequência



Espero-te tanto e tu, seguro, estendes-te, adias-me e demoras! Estou entediada, sem crenças, nem futuro e pouco tardo em adormecer-me no silêncio deste escuro, de tão compridas que são as conjecturas e as horas! Mas tu conheces-me, amor, tu sabes que o meu sono desassossega na claridade dum raio de luz… E quando chegas discreto e de mansinho, sinto-te frio e liso como o linho, atravessas-me a alma a medo e cruz.

Com medo que partas precipitado, nesse teu ímpeto que me confunde e atordoa, prolongo o meu sono fingido e dissimulado, que te mantém a culpa na esfinge da cabeceira, onde a consciência, de todo o modo, desaprova, delibera e perdoa de qualquer maneira!

Eu sei que gostas de jogar de faz de conta, eu confesso que sempre preferi o “verdade ou consequência”, mas se só nessa circunstância uma lembrança minha desponta, então é para esse lado que meu bom senso aponta e onde me acenam, inevitáveis, os remorsos da demência!


-Joana Nardo