terça-feira, 19 de junho de 2012

contra-ataque do desejo errado


Revejo-me: um corpo frouxo que se desmaia em movimentos lassos de insónia! Adormecer é prática de cerimónia onde sono por mim já nem abranda, nem espera. A memória abre lenta, como que num deslizar modesto de gaveta, e tu espreitas-me de pronto sem paisagem, em previsões secas, sem aragem, que me ardem como menta! Que visão tão cruel e violenta: beber da tua boca em espasmos, numa coreografia mal coordenada e extremamente barulhenta;

Não sei se foi o sono que se perdeu de mim, ou se foste tu, inconveniente, a agitar-me e deixar-me assim, nervosa e inquieta, mas… bem sabes que a minha imaginação é um jardim onde no tédio de uma prosa, rebenta sexualidade cor-de-rosa, disfarçada em considerações de poeta.

Garanto-te que fujo de ti tanto quanto posso, recordações tuas mordem-me vorazes como dentes (relembrar o que já não é nosso, sobra para os frágeis, é consolo para os doentes!). Numa ferida onde o sangue não estanca, há sempre uma estrela que brilha e adormece… Há uma lembrança azeda que manca de mão dada com uma esperança que resiste, que não desaparece!