Revejo-me: um
corpo frouxo que se desmaia em movimentos lassos de insónia! Adormecer é prática
de cerimónia onde sono por mim já nem abranda, nem espera. A memória abre
lenta, como que num deslizar modesto de gaveta, e tu espreitas-me de pronto sem
paisagem, em previsões secas, sem aragem, que me ardem como menta! Que visão tão
cruel e violenta: beber da tua boca em espasmos, numa coreografia mal
coordenada e extremamente barulhenta;
Não sei se foi
o sono que se perdeu de mim, ou se foste tu, inconveniente, a agitar-me e
deixar-me assim, nervosa e inquieta, mas… bem sabes que a minha imaginação é um
jardim onde no tédio de uma prosa, rebenta sexualidade cor-de-rosa, disfarçada
em considerações de poeta.
Garanto-te que
fujo de ti tanto quanto posso, recordações tuas mordem-me vorazes como dentes
(relembrar o que já não é nosso, sobra para os frágeis, é consolo para os
doentes!). Numa ferida onde o sangue não estanca, há sempre uma estrela que
brilha e adormece… Há uma lembrança azeda que manca de mão dada com uma
esperança que resiste, que não desaparece!
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