quinta-feira, 2 de setembro de 2010

“De nenhum fruto queiras só metade.”



Não esperes pela entrega e inteireza de quem se oprime na incerteza de um amor que se manifesta em dualidade! E mesmo que suspire e te apelide de princesa, suspeita com a mais digna estranheza da instituição do seu trono da verdade! Os reinados são das rainhas com riqueza… e mesmo que suas frases se profiram suaves e com delicadeza, lembra-te que é apenas um rito de desvario, da mais extravagante e masculina vaidade!

Não te permitas que te estanquem um sonho, ou crenças e intenções! Verás que revogar é fastidioso e enfadonho e que o domínio, conquistas e pertenças são as mais vis de suas doenças e o único sangue que lhes sacode os corações!

Não vivas plácida na peneira dos dias, não aguardes uma colheita incerta com as esperanças em alvoroço. O tempo desperta muitas sinestesias, deforma-te as lembranças deixando apenas um borratado esboço, mas também dissolve, progressivo, a mais entranhada das agonias que te surge, quotidiana, quase sempre em carne e osso.

E se te intentarem a provar num fruto saborosas doçarias, lembra-te que somente o aprecias, se o comeres todo até à vala do caroço!


-Joana Nardo

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