sábado, 12 de maio de 2012

em busca da reciprocidade


    Estou-me a desfazer das balelas rascas –já não há dó que suporte esta conversa  tendenciosa e subtil que te implora ao reconhecimento e pena imediatos! Recuso-me a despir aquilo que sinto num cenário onde as baladas soam longe e o fracasso me ameaça após a sua recorrência.

Confesso que me incomoda esta postura que trago: a figura de braços lassos e desistentes, com uma esperança que desconfia, derrotada! Lembro-me do que fui outrora e fico desolada. Suspiro ao constatar que não fui capaz de impedir que me deturpassem as convicções, mas nem me atrevo a responsabilizar-te por uma culpa que não é sequer atribuível.

Chateio-me por lamentar-me tanto em perder-te, quando na realidade, nunca te cheguei a ter! Aliás, como pude eu esquecer as noções para viver sem ti, se foi aquilo que fiz praticamente a vida inteira?

Há muito que larguei o leme, pouco ou nada me importa o descontrolo sob este rumo que levo! A minha demanda imprecisa e essa necessidade de se ser feliz, desencontraram-se, nunca chegaram a andar mãos dadas… Tardei pouco em esquecer a urgência de me adaptar às circunstâncias que apenas me levam aos términos restritos da trivialidade.

Então vencida e cansada, sem saber bem para onde dirigir este grito, eu admito: apenas imploro por transparência, eu só exijo reciprocidade, uma permuta invisível de respeito mútuo e infinito!!!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

reflexões da consciência avinagrada


  Aflige-me o ardor com que se desprende a sua voz. É como se as palavras se entornassem em café, numa amargura açucarada e quente. É um discurso que me desconcerta, mas raramente atento naquilo que diz. Não que não me interesse aquilo que fala, mas acabo sempre por distrair-me com pormenores de 2ª linha: o timbre termoestático, os olhos que lhe acompanham a linguagem numa coreografia coordenada que se antecipa sempre àquilo que diz. As palavras que escolhe a dedo causam-me este abalo, mas é o rigor do seu olhar intenso que me engole à primeira tentativa! Se o vejo, ofereço resistência numa conversa previamente definida, um diálogo estático que se desdobra em piloto automático. As minhas palavras atropelam-se e encolhem-se na pressa de fazer algum sentido, no que se revela ser, posteriormente, uma maratona perpétua e imprevisível. Mas depois de tanto esforço, reconheço que apenas surgem teorias sem emprego ou nexo…

Incomoda-me constatar que apenas me conhece este olhar perdido e vago, que imagina, nos entretantos, estas coisas que lhe escrevo, mas… tento encontrar aqui um lado suportável e positivo: será que o impacto destas palavras seria o mesmo se apenas dirigidas à avaliação daquilo que interpreta? Não passariam a correr no contra-relógio das sentenças instantâneas que delibera, na ausência de repetições/reproduções?