Quando a tranquilidade e quietude me abandonam e em ti o tempo escorre em reticências, constato, que sempre acabo por me reerguer sozinha, pois sou o luto da andorinha que adeja isolado, longe do índigo azul das aparências.
Perdoo-te porque desconheces o amor! Desespero por tanto teimar em amar-te, mas logo me pauso e penso: de que me serve atear, incansável, fogo cuja chama arde isenta de calor, que quando cessas e descansas, logo tende a ficar suspenso, a esbrasear?
Chorar-te na repetição dos dias é resistir a uma tristeza feroz que te submerge e assola, é melancolia serena que teimosamente te afunda no mesmo compasso em que estala o gatilho de uma pistola... E quando aspiro ver-me de ti acompanhada dou por mim em desalento, cercada, pela mais irónica das solidões, pela demência mais insistente e profunda. Jazo na pobreza dos dias sem ser merecedora da mais somítica esmola!
Quando os papéis se invertem e experimentas, o que em tom de privilégio ignoraste, reconheces que o tempo é a estranha coincidência onde sempre escorregaste e que as peculiaridades do destino sempre se repetem !
Joana Nardo
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