terça-feira, 22 de janeiro de 2013

cabra cega não arrisca no euro-milhões


  Eu nunca joguei no euro-milhões, mas já me senti tentada, confesso. Para os cobardes como eu, talvez o mais sensato seja começar por uma singela raspadinha, mas acabo sempre por dispor as moedas que trago ao vigor de um refrigerante. É que certezas já tenho eu poucas e eu bem que sei: a minha sede é bem mais previsível que uma sequência de números aleatórios, a minha boca murcha teima sempre em secar nos cigarros pensativos que fumo.

   A verdade é que não tenho grande habilidade em escolher rigorosamente nada ao acaso (exceptuando aquela vez em que ganhei um pacote de batatas fritas do Tesco numa celebração Erasmus). Na realidade, sou péssima a tomar decisões, independentemente da sua natureza/recorrência/previsibilidade. Os mais velhos repetem “sorte no jogo, azar no amor” e eu não consigo deixar de me perguntar se o provérbio funcionará pela ordem inversa. Se tenho sorte no jogo ou não, ainda desconheço, mas, por esta ordem de ideias e atendendo às minhas últimas investidas amorosas, tenho fortes razões para crer que esteja prestes a ganhar um granda prémio. Já matematicamente falando, trocar varáveis de uma equação, dá sempre uma valente cagada no fim e digamos que eu de fórmulas pouco ou nada conheço.

  Mas, ainda assim, o dinheiro insiste em gastar-se na garantia da minha sede, na segurança de um ice-tea de pêssego. Penso que ficaria desolada ao constatar que, afinal, tenho azar em ambas as coisas, pelo que a curiosidade se encolhe na possibilidade de uma tentativa. Tenho fortes razões para achar, que parte de mim ainda espera que esse azar seja reversível, pois eu preferia bem mais fazer outras apostas, eu dava tudo para prosseguir com o nosso jogo de cabra-cega. É que eu ainda não tirei a venda. Há muito que não me sinto zonza com o rodopio de voltas que me deste, mas já não te procuro mais. Não sei se com medo daquilo que vou ver, ou se temendo a possibilidade de já teres partido. Enfim, uma coisa é certa, com essa incerteza eu até consigo viver, essa confusa possibilidade de gostares ou não de mim. Já jogar no euro-milhões é outra história… e eu já nem 2€  tenho para um ice-tea.

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